“Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder.” (2º Timóteo 3:1-5)
O Rio Grande do Sul está literalmente mergulhado em uma grande crise humanitária. Milhares de pessoas abandonaram suas casas ou o que sobrou delas após as graves enchentes, que assolaram dezenas de cidades. Teremos milhares de desabrigados que vão precisar de um socorro imediato do Poder Público e da solidariedade da sociedade.
Em um momento em que voluntários se doam e milhares de toneladas de donativos chegam às famílias, falar de desumanidade parece ser fora de tom, mas não é. É preciso olhar além da comoção da tragédia. O povo é solidário. Isso não significa que o faça por amor ou inspiração divina. Gostaria que fosse diferente, mas não é. Embora muitos sejam movidos pelo altruísmo, grande parte ajuda “porque é melhor ajudar do que ser ajudado”. Ou seja, antes que Deus me castigue, eu ajudo.
Os exemplos estão diante de nós e só não enxergamos se não quisermos. Embora todo o esforço para reconstruir as casas, os comércios e as indústrias destruídas pela lama, isso é apenas parte do problema, afinal, a maior tragédia humana não acontece exteriormente, mas dentro de cada um de nós. Sim, é preciso um esforço para a reconstrução das cidades, mas é urgente uma volta para Deus.
Infelizmente, as igrejas estão repletas de fiéis que buscam apenas bênçãos, mas rejeitam a mudança de vida. “São mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus”. Querem um Deus que feche os olhos para os seus pecados e conceda os desejos dos seus corações egoístas. O Pai Nosso tornou-se apenas um rito religioso e não uma oração. “Venha a nós o Seu Reino, seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu” é recitado mecanicamente, da mesma forma quando perguntamos para as pessoas como elas estão, sem ter um tempo para acolher suas respostas e frustrações.
Vivemos tempos difíceis. Muito mais que a crise climática, o que corrói o ser humano é a crise espiritual. Se não conseguirmos cumprir a ordem de Cristo de amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos, estamos fadados a uma vida de completa escuridão e entregues a maior de todas as tragédias: O distanciamento de Deus por toda a eternidade.