Nesta quarta-feira (19), a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, por meio da Força-Tarefa Cyber do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), destacada para o combate a fraudes, golpes e atentados aos serviços de utilidade pública durante o período de calamidade, deflagrou mais uma fase da Operação Dilúvio Moral. Nesta fase, o cumprimento das ordens judiciais ocorreram nos estados de Goiás e São Paulo. Duas pessoas foram presas durante esta fase da operação.
A ação, que contou com apoio operacional da Polícia Civil de Goiás e da Polícia Civil do Estado de São Paulo, teve por fim o cumprimento de dois mandados de prisão preventiva e quatro mandados de busca e apreensão na residência dos alvos e em outros locais de interesse da investigação.
Um dos mandados de prisão foi expedido em desfavor de um indivíduo de 20 anos de Goiânia/GO, apontado como um dos principais responsáveis por estelionatos praticados no meio virtual, dentre eles diversos envolvendo a enchente no Rio Grande do Sul, praticados em comunhão de esforços com os demais alvos das operações. O indivíduo é suspeito de movimentar mais de 36 milhões de reais em transações atípicas recentes.
A segunda prisão objetivou a captura de uma mulher na cidade de Luziânia/GO, sócia de uma empresa de pagamentos em conjunto com um menor (que foi alvo da 1ª fase da operação Dr. Money, em 24/05) e mãe de um menor de 16 anos, responsáveis por operacionalizar o golpe através do website falso criado para fins de desviar doações direcionadas à enchente.
Do “Modus Operandi” da fraude
A fraude que originou as investigações consistiu na criação de páginas na internet, simulando páginas oficiais do Governo do Estado em mais de um domínio, alarmando a população de que se estaria diante do maior desastre da história do Rio Grande do Sul.
A partir de então, as páginas redirecionavam os usuários para uma nova página falsa, desta vez simulando o website “Vakinha”, em que se divulgava uma suposta campanha de arrecadação de doações. A página, inclusive, era impulsionada pelas redes sociais, a fim de atingir o maior número possível de pessoas.
Na página simulada, era divulgado um QR Code, gerado por uma fintech de checkout (espécie de loja virtual), que permitiria o pagamento via pix. A partir de então, o valor da suposta contribuição era redirecionado da loja virtual para um gateway de pagamentos, que repassava o valor para o local indicado pelos golpistas (em regra, para empresas dos quais os suspeitos são sócios). Assim, o valor era captado com aparência de licitude, vez que simulava a “venda” de um produto ou serviço oriundo das empresas.
Uma vez identificada a fraude, as páginas foram retiradas do ar, além do bloqueio de todas as contas bancárias vinculadas ao CPF e aos CNPJs dos investigados. A partir de então, buscou-se, através de ferramentas tecnológicas de investigação, a identificação e responsabilização dos suspeitos.
Da Investigação
Segundo apurado, os websites fraudulentos foram criados e operados por dois menores infratores de 16 anos, sendo um de Balneário Camboriú/SC e um de Luziânia/GO.
Os golpes perpetrados pelos menores tiveram auxílio e fomento por um indivíduo de 20 anos residente em Goiânia/GO e apontado como um dos principais responsáveis por estelionatos praticados no meio virtual, dentre eles diversos envolvendo a enchente no Rio Grande do Sul. O indivíduo é suspeito de movimentar mais de 36 milhões de reais em transações atípicas recentes.
Para a prática ilícita, os suspeitos buscaram ocultar a verdadeira identidade ao utilizar dados pessoais de “laranjas” e de empresas. Em uma dessas empresas, figuram como sócios o menor alvo da primeira fase da operação Dr. Money, e uma mulher de 46 anos, residente em Luziânia/GO, mãe do outro menor integrante do grupo responsável pelos crimes.
Em maio, durante a primeira fase da operação, que teve por alvo apenas o menor infrator de Santa Catarina, identificou-se um apartamento de alto padrão em Balneário Camboriú que funcionava como “central” para aplicação de golpes na internet, em que foi possível a apreensão de aparelhos eletrônicos e obtenção de provas da participação de todos os suspeitos na empreitada criminosa.
Da atuação da Força-Tarefa
O grupo de Delegados e Agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) foi destacado com o objetivo principal de reprimir práticas criminosas virtuais que se utilizem da atual situação do Estado com o fim de obter vantagens de qualquer natureza.
São mais de 60 casos já analisados pelo grupo, ao passo que mais de 30 inquéritos policiais foram instaurados e contam com diligências investigativas em andamento a fim de responsabilizar os identificados.
Até o momento, sete pessoas já foram presas preventivamente e deferidas mais de 50 medidas cautelares pelo Poder Judiciário após pareceres favoráveis pelo Ministério Público, órgãos que, atentos ao estado de calamidade, tem atendido às demandas da Polícia Civil com grande celeridade.
Com as ações, a Polícia Civil, através do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), ratifica o compromisso de desenvolver investigações criminais qualificadas, notadamente as que visem tirar proveito, de qualquer espécie, da maior tragédia da história do povo gaúcho, objetivando a máxima responsabilização criminal de todos os envolvidos.